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Tomás Toste

Tomás Toste

Tomás Toste

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hyhydrangea

hyhydrangea

980 €

2025

2025

Pastel seco s/ papel Fabriano

Pastel seco s/ papel Fabriano

100 x 70cm

100 x 70cm

A beleza e o medo convivem como forças opostas que se recusam a anular-se. Não se trata de uma cena natural reconhecível, nem tampouco de uma metáfora imediatamente acessível. Os escorpiões, figuras do perigo e da agressão, não estão em pose de ataque, mas também não repousam com docilidade. Paira uma ambiguidade no gesto, um estado suspenso entre o movimento e a contenção. É como se o instante fosse anterior a algo que ainda não aconteceu. Um ataque? Uma fuga? Uma comunhão? As hortênsias, com sua aparência quase rendada, introduzem um contraponto de extrema delicadeza. Não reagem à presença dos escorpiões, não murcham, não se defendem, parecem alheias à ameaça que as habita. Essa convivência forçada entre dois elementos que raramente coabitariam no mundo natural sugere uma espécie de violência silenciosa, quase estética. O que é mais perturbador, o risco implícito nos escorpiões ou a passividade das flores diante dele?

A beleza e o medo convivem como forças opostas que se recusam a anular-se. Não se trata de uma cena natural reconhecível, nem tampouco de uma metáfora imediatamente acessível. Os escorpiões, figuras do perigo e da agressão, não estão em pose de ataque, mas também não repousam com docilidade. Paira uma ambiguidade no gesto, um estado suspenso entre o movimento e a contenção. É como se o instante fosse anterior a algo que ainda não aconteceu. Um ataque? Uma fuga? Uma comunhão? As hortênsias, com sua aparência quase rendada, introduzem um contraponto de extrema delicadeza. Não reagem à presença dos escorpiões, não murcham, não se defendem, parecem alheias à ameaça que as habita. Essa convivência forçada entre dois elementos que raramente coabitariam no mundo natural sugere uma espécie de violência silenciosa, quase estética. O que é mais perturbador, o risco implícito nos escorpiões ou a passividade das flores diante dele?

Memento II

Memento II

680 €

2024

2024

Pastel seco s/ papel Fabriano

Pastel seco s/ papel Fabriano

50 x 65cm

50 x 65cm

Uma caveira repousa no centro da tela, nítida, frontal, quase imóvel no tempo. Ao redor, insinuações, contornos difusos de objetos que não se deixam nomear. Há ornamentos, sim, mas à margem, desfocados, discretos, como ecos de uma tradição que já não quer se afirmar. A pintura convoca o espírito das vanitas, mas esvazia o seu excesso. Aqui, o silêncio pesa mais do que o símbolo. Neste vazio, a morte já não é ameaça ou castigo, é uma presença contínua, discreta, integrada no agora. O símbolo resiste, mas fala outra língua. Menos moral, mais íntima. A caveira olha, e é olhada, não como fim, mas como ponto fixo num mundo em dissolução. A obra insinua que lembrar da morte hoje não é parar, é tentar ver o que ainda pulsa ao redor do que falta. Um instante de quietude, onde o olhar se demora e o tempo suspende o juízo.

Uma caveira repousa no centro da tela, nítida, frontal, quase imóvel no tempo. Ao redor, insinuações, contornos difusos de objetos que não se deixam nomear. Há ornamentos, sim, mas à margem, desfocados, discretos, como ecos de uma tradição que já não quer se afirmar. A pintura convoca o espírito das vanitas, mas esvazia o seu excesso. Aqui, o silêncio pesa mais do que o símbolo. Neste vazio, a morte já não é ameaça ou castigo, é uma presença contínua, discreta, integrada no agora. O símbolo resiste, mas fala outra língua. Menos moral, mais íntima. A caveira olha, e é olhada, não como fim, mas como ponto fixo num mundo em dissolução. A obra insinua que lembrar da morte hoje não é parar, é tentar ver o que ainda pulsa ao redor do que falta. Um instante de quietude, onde o olhar se demora e o tempo suspende o juízo.

O Lobo e o banquete

O Lobo e o banquete

1.220 €

2023

2023

Pastel seco s/ papel Fabriano

Pastel seco s/ papel Fabriano

80 x 120cm

80 x 120cm

A cadela, mãe e guardiã, sustenta a vida com seu corpo e silêncio. O ventre ampara duas crias, seres frágeis e, ao mesmo tempo, impetuosos, enlaçados pelo gesto ancestral do cuidado. Mas algo a mais prende essa cena. A trela, pequena e subtil, como um vestígio da domesticação, um fio ténue entre o instinto e o controlo. Esse fio quase invisível torna visível a tensão entre o selvagem e o domesticado, entre o lobo que uiva e o cão que repousa. A maternidade aqui é essa linha ténue, esse nó entre o instinto bruto e as amarras da vida social, entre a liberdade da natureza e o espaço delimitado da proteção. É nessa transformação que a força natural se molda e se contém, impondo limites e regras ao impulso original. O selvagem cede lugar ao cuidado regulado, o silêncio impõe a urgência do instinto.

A cadela, mãe e guardiã, sustenta a vida com seu corpo e silêncio. O ventre ampara duas crias, seres frágeis e, ao mesmo tempo, impetuosos, enlaçados pelo gesto ancestral do cuidado. Mas algo a mais prende essa cena. A trela, pequena e subtil, como um vestígio da domesticação, um fio ténue entre o instinto e o controlo. Esse fio quase invisível torna visível a tensão entre o selvagem e o domesticado, entre o lobo que uiva e o cão que repousa. A maternidade aqui é essa linha ténue, esse nó entre o instinto bruto e as amarras da vida social, entre a liberdade da natureza e o espaço delimitado da proteção. É nessa transformação que a força natural se molda e se contém, impondo limites e regras ao impulso original. O selvagem cede lugar ao cuidado regulado, o silêncio impõe a urgência do instinto.

Artista açoriano, 30 anos. Licenciado em Artes Plásticas e Multimédia (IPS), mestre em Design e Publicidade (IADE). Atualmente trabalha como Diretor de Arte e frequenta um segundo mestrado em Artes Plásticas (ESAD.CR), onde investiga a figura como instabilidade sensível, no tema A Fábula Figurativa. Com uma década de prática em pintura e desenho, o trabalho desenvolve-se em torno da figura e da imagem enquanto fenómenos sensíveis e instáveis. A figura não é aqui uma forma fechada, mas um campo de aparecimento, onde o visível se forma e se desfaz em simultâneo. A técnica é conduzida por um processo de sobreposição e apagamento, em que cada camada inscreve o tempo como matéria viva. A imagem emerge do gesto, mas também da sua interrupção. Esse diálogo constrói superfícies que não se oferecem como representação, mas como presença em suspensão. No centro da investigação está a ideia de pendimento, um estado de suspensão e desequilíbrio que abre a imagem ao movimento, ao inacabado e à reinvenção do figurativo. Entre o que cai e o que resiste, entre o que se mostra e o que se perde, o trabalho insiste nesse instante de transição onde olhar e corpo ainda se procuram.

Artista açoriano, 30 anos. Licenciado em Artes Plásticas e Multimédia (IPS), mestre em Design e Publicidade (IADE). Atualmente trabalha como Diretor de Arte e frequenta um segundo mestrado em Artes Plásticas (ESAD.CR), onde investiga a figura como instabilidade sensível, no tema A Fábula Figurativa. Com uma década de prática em pintura e desenho, o trabalho desenvolve-se em torno da figura e da imagem enquanto fenómenos sensíveis e instáveis. A figura não é aqui uma forma fechada, mas um campo de aparecimento, onde o visível se forma e se desfaz em simultâneo. A técnica é conduzida por um processo de sobreposição e apagamento, em que cada camada inscreve o tempo como matéria viva. A imagem emerge do gesto, mas também da sua interrupção. Esse diálogo constrói superfícies que não se oferecem como representação, mas como presença em suspensão. No centro da investigação está a ideia de pendimento, um estado de suspensão e desequilíbrio que abre a imagem ao movimento, ao inacabado e à reinvenção do figurativo. Entre o que cai e o que resiste, entre o que se mostra e o que se perde, o trabalho insiste nesse instante de transição onde olhar e corpo ainda se procuram.

coletivo.correntedear@gmail.com

2025

2025

© 2025 Corrente de Ar

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